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Campanha 2018

2018

Entre 2 e 27 de Julho de 2018, desenvolveu-se, no âmbito do projecto VNSP3000, a segunda intervenção arqueológica em Vila Nova de São Pedro.

A intervenção compreendeu:

  • Trabalhos de escavação arqueológica em duas áreas específicas do povoado;
  • Limpeza do sítio por meios mecânicos e manuais, nomeadamente entre a 2ª e 3ª linha de muralhas;
  • Registo fotográfico, gráfico e topográfico das realidades arqueológicas colocadas à vista durante a limpeza;

Na Área 3, deu-se continuidade à escavação da Sondagem 1, iniciada em 2017. Aos 24m2 de área aberta, acrescentaram-se mais 24m2, tanto para Este como para Oeste, com o objectivo de se obter uma leitura mais global do espaço intervencionado, bem como das realidades arqueológicas colocadas a descoberto. A Este, ou seja, na plataforma inferior, deu-se por terminada a escavação, ficando definidos 16m2 de substrato geológico – lapiás, onde também se encontra a entrada do algar, ainda não totalmente desobstruída.

Na plataforma superior, a Oeste, o alargamento de 8m2 possibilitou a definição de um conjunto pétreo, associado a um sedimento negro, já identificado na campanha anterior, não sendo ainda possível a sua caracterização .

Nesta sondagem (que será retomada na próxima campanha), foi possível observar níveis de ocupação integrados no Calcolítico pleno. Os materiais arqueológicos recolhidos nesta segunda campanha são idênticos tipológica e culturalmente aos identificados na campanha de 2017. Neste particular, dominam percentualmente, ao nível da cerâmica, os recipientes lisos, continuando, no entanto, a serem recolhidos fragmentos decorados – campaniforme. Ainda na cerâmica, foram igualmente registados fragmentos de placas de tear e de “queijeiras”.

Ao nível da indústria lítica, continua a ser predominante a presença de materiais em pedra lascada, nomeadamente elementos debitados (lascas e lamelas), utensílios (pontas de seta), com um claro domínio do sílex como matéria-prima preferencial. Na pedra polida, foi recolhido um fragmento de machado em rocha anfibólica.

O conjunto artefactual enquadra-se no Calcolítico regional, em conformidade com os dados provenientes das extensas campanhas de escavação levadas a cabo entre 1936 e 1967, dirigidas, inicialmente por Hipólito Cabaço (1936) e, depois, por Afonso do Paço e Eugénio Jalhay.

Tal como na campanha anterior recolheu-se um número considerável de restos faunísticos, nomeadamente mamalógicos, mas também malacológicos. O estudo zooarqueológico encontra-se numa fase preliminar.

Procedeu-se à recolha de amostra de sedimentos de todos os níveis escavados.

Esta campanha contou com a participação de alunos de Licenciatura e Mestrado em Arqueologia (1º e 2º Ciclo), da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, bem como de Licenciatura em Arqueologia da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.

Área 3 / Sondagem 1

Na Área 1 iniciou-se a escavação da Sondagem 1 (5x18m), que corresponde a uma grande área de intervenção localizada entre a 1ª e 2ª linha de muralha, a Oeste do “Reduto Central”.

A intervenção neste espaço, mais do que uma escavação propriamente dita, corresponde a uma limpeza manual, seguindo metodologia arqueológica adequada, que procura avaliar o grau de impacto que este espaço já poderá ter tido em intervenções arqueológicas anteriores.

Pela bibliografia existente, temos conhecimento que ocorreram, neste espaço, trabalhos de escavação dirigidas por Afonso do Paço e Eugénio Jalhay. No entanto, não é possível compreender qual a totalidade da área intervencionado toda, bem como o seu grau de afectação.

A Sondagem 1 procura, assim, compreender como se desenvolve um pano de muralha que aqui se localiza (2ª linha), assim como a existência de uma realidade em negativo – Fosso? – que Afonso do Paço já havia referido numa das suas publicações.

Em ambas as áreas intervencionadas, os trabalhos obedeceram a uma rigorosa metodologia arqueológica, com todas as Unidades Estratigráficas a serem alvo de registo gráfico, fotográfico e topográfico. Todo o sedimento foi crivado, tendo-se, igualmente, procedido à recolha de sedimento e argamassas para futuras análises.

O espólio arqueológico recolhido, ainda por estudar na sua totalidade, parece ir ao encontro do já registado na Área 1, com todos os elementos artefactuais a integrarem-se, genericamente, no Calcolítico.

Área 1 / Sondagem 1 – Aspecto geral dos trabalhos de escavação arqueológica.

 

Os dados referentes à intervenção arqueológica realizada em Vila Nova de São Pedro encontram-se descritos no Relatório do Pedido de Autorização para Trabalhos Arqueológicos (PATA), entregue à Direcção Geral do Património Cultural (DGPC).

Poderá, igualmente, consultar os principais resultados desta campanha no seguinte trabalho:
MARTINS, Andrea, NEVES, César, DINIZ, Mariana; ARNAUD, José M. (2019) – O povoado calcolítico de Vila Nova de São Pedro (Azambuja). Notas sobre as campanhas de escavação de 2017 e 2018Arqueologia e História, nº 69, Associação dos Arqueólogos Portugueses, p. 133-167.