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Campanha 2017

2017

Ao longo do projecto VNSP3000, os trabalhos de campo terão como principal objectivo a valorização e conservação do espaço do povoado, desenvolvendo-se em duas vertentes: a Pública e a Científica. Em estreita colaboração e parceria com as entidades locais, serão efectuados os trabalhos de limpeza do sítio, sinalização e conservação de estruturas, levando também a uma consciencialização da comunidade para a importância da protecção do sítio arqueológico. A vertente científica será desenvolvida através de prospecção intensiva em redor do povoado, prospecção geofísica e realização de sondagens de diagnóstico para confirmação de propostas interpretativas e recolha de amostras para datações absolutas.

Entre 3 e 21 de Julho de 2017, desenvolveu-se a primeira intervenção arqueológica em Vila Nova de São Pedro. Esta intervenção envolveu trabalhos de escavação arqueológica numa área específica do povoado (Sondagem de 4x6m), limpeza do sítio por meios mecânicos e manuais –  nomeadamente no “Reduto Central” e entre este e a 2ª linha de muralha – registo fotográfico, gráfico e topográfico das realidades que foram colocadas à vista.

Esta campanha teve a participação de alunos de Licenciatura em Arqueologia (1º Ciclo), da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.

Na sondagem arqueológica realizada (e que ainda não está terminada), foi possível observar níveis de ocupação integrados no Calcolítico.

Os materiais arqueológicos recolhidos surgem em número considerável, destacando-se os fragmentos de recipientes cerâmicos, maioritariamente lisos. Ao nível da cerâmica decorada, surgem alguns fragmentos de cerâmica campaniforme. Ainda na cerâmica, regista-se a presença de uma placa/peso de tear inteira, assim como outros fragmentos desta categoria artefactual, de “ídolos de cornos” e de “queijeiras”. Na indústria lítica, o destaque vai para a presença de materiais em pedra lascada, nomeadamente elementos debitados (lascas e lamelas), utensílios (furador, pontas de seta, raspadeira), com um claro domínio do sílex como matéria-prima preferencial. Os produtos associados ao talhe estão, igualmente, presentes, através de núcleos, esquírolas e outros restos de talhe. Ao nível da pedra polida, destaca-se a presença de um machado em rocha anfibólica. O conjunto artefactual enquadra-se no Calcolítico regional, em conformidade com os dados provenientes das extensas campanhas de escavação levadas a cabo entre 1936 e 1967, dirigidas, inicialmente por Hipólito Cabaço (1936) e, depois, por Afonso do Paço e Eugénio Jalhay.

Observou-se e recolheu-se um número considerável de restos faunísticos, nomeadamente mamalógicos, com as espécies predominantes a serem o porco, cabra, ovelha, vaca, cavalo e veado, numa análise, ainda preliminar. Procedeu-se, igualmente, à recolha de amostra de sedimentos de todos os níveis escavados.

Os dados referentes à intervenção arqueológica realizada em Vila Nova de São Pedro encontram-se descritos no Relatório do Pedido de Autorização para Trabalhos Arqueológicos (PATA), entregue à Direcção Geral do Património Cultural (DGPC).

Poderá, igualmente, consultar os principais resultados no seguinte trabalho:
MARTINS, Andrea, NEVES, César, DINIZ, Mariana; ARNAUD, José M. (2019) – O povoado calcolítico de Vila Nova de São Pedro (Azambuja). Notas sobre as campanhas de escavação de 2017 e 2018, Arqueologia e História, nº 69, Associação dos Arqueólogos Portugueses, p. 133-167.

 

Vila Nova de São Pedro antes dos trabalhos arqueológicos
Aspecto geral no final da campanha de 2017
(Foto de: Pedro Souto – Crivarque, Lda.)